Hernán Carvajal é o nosso entrevistado do mês de abril. Com experiência em engenharia geológica, atua em geotecnia de projetos de infraestrutura e mineração por meio do planejamento, da supervisão e da aprovação de estudos geotécnicos. Hernán também é professor universitário em nível de graduação e pós-graduação, lecionando aulas nas disciplinas de mecânica de solos e rochas, análise de risco em geotecnia, projeto geotécnico, geologia aplicada e instrumentação geotécnica. Além de sua experiência prática e acadêmica no Brasil, Carvajal também já atuou na Colômbia, seu país de origem.

Quais são os diferenciais da Tetra Tech nos projetos de análise de risco no setor de infraestrutura?

O potencial da Tetra Tech nesse setor é inquestionável. Os modelos de análise (numéricos e analíticos) já se encontram disponíveis na literatura científica, especialmente nas etapas de avaliação das ameaças (Hazard Assessment) geotécnicas ou geológicas, envolvendo diferentes tipos de deflagradores (triggers), como chuvas extremas, sismos e vibrações de outra natureza.

Por outro lado, a avaliação da vulnerabilidade estrutural e social, embora não tenha sido tão amplamente estudada como as ameaças, já podem ser abordadas de forma quantitativa com ferramentas que permitem não só a sua espacialização, mas também a atualização ao longo do tempo, em consonância com as mudanças sociais e interesses dos stakeholders.

Todo esse cenário precisa ser acoplado em sistemas computacionais que permitam a coleta de dados, processamento, análise, cálculo de modelos, pós-processamento e visualização (tabelas dinâmicas, mapas, relatórios) para facilitar a tomada de decisões sobre gerenciamento dos riscos.

Nesse sentido, a Tetra Tech possui todos os elementos necessários (tecnologia, conhecimento e capital humano) para desenvolver sistemas e ferramentas robustas para a análise dos riscos no setor de infraestrutura (rodoviária, ferroviária, energia e gestão territorial).

De que maneira o monitoramento e a instrumentação geotécnica podem mitigar os riscos dos deslizamentos de encostas e taludes provocados pelas chuvas? E de que forma a expertise do time da Tetra Tech se diferencia dos concorrentes nessa área?

O monitoramento das encostas e taludes é apenas uma forma de mitigação dos riscos dentre um conjunto de opções disponíveis. O objetivo do monitoramento está enquadrado nas respostas que devem ser dadas às seguintes perguntas: qual variável será monitorada? Qual o objetivo do monitoramento e qual a sua frequência? Qual é o critério de controle do monitoramento e quais são as ações para cada nível de alerta dado?

As respostas corretas demandam um nível elevado de conhecimento técnico que é precisamente um dos principais diferenciais da Tetra Tech, pois temos a capacidade operativa para instalar e operar uma rede de instrumentos diversos, mas também oferecer as respostas às perguntas já formuladas.

Os gerenciamentos de riscos geotécnicos e geológicos em corredores de transporte e infraestrutura estratégica (linhas de transmissão de energia, dutos, canais e comunicação) é um tema novo no mercado brasileiro. De que forma nossa equipe de especialistas pode Liderar com Ciência nesses projetos?

No contexto da geologia e geotecnia, por muitos anos, o risco foi entendido como a probabilidade de ocorrência de um evento crítico ser mais relevante do que suas consequências. Recentemente, e com o advento de regulamentações e normativas de caráter internacional, o conceito de risco (ameaça e vulnerabilidade) foi universalmente entendido e incorporado em todos os tipos de projetos (mineração, infraestrutura, energia e transporte), porém a sua representação gráfica (mapas) continua sendo muito difícil. Nesse sentido, um dos maiores desafios técnicos é o desenvolvimento de ferramentas de análise da ameaça geotécnica ao longo de corredores de transporte, pois a análise matricial convencional e o método do talude infinito não atendem às necessidades desse tipo de infraestrutura. Neste caso, é necessário o uso de outras modalidades de análise a partir de seções sistemáticas para gerar mapas geotécnicos úteis para o gerenciamento da estrutura. Nesse sentido, a Tetra Tech possui a capacidade científica e técnica necessária para incorporar os últimos avanços produzidos pela comunidade internacional no desenvolvimento de sistemas e ferramentas de gerenciamento do risco geotécnico.

Como os sistemas de monitoramento das estruturas geotécnicas podem auxiliar na segurança das operações rodoviárias?

Quando uma rodovia conta com um sistema de gerenciamento do de risco geotécnico, é possível definir trechos nos quais se faz necessário a instalação de sistemas de monitoramento permanente das variáveis do terreno (umidade, piezometria, inclinômetros, marcos superficiais, prismas) e ambientais (chuva, por exemplo).

Nesse caso, o monitoramento é entendido como um sistema de alerta que permite a gestão da operação no intuito de evitar fatalidades. Para isso, é necessário estabelecer critérios de alerta e ações específicas para cada nível de monitoramento dos instrumentos. Na Tetra Tech, contamos com a capacidade técnica para gerar protocolos objetivos de monitoramento atrelando as informações da instrumentação, a condição de operação da infraestrutura e os critérios de tolerabilidade/aceitabilidade do risco da infraestrutura.

Atualmente, você passa por um novo desafio em sua carreira profissional na transição entre Colômbia e Brasil. Como você concilia esse momento com sua vida pessoal e família? E quais são suas expectativas em sua volta ao Brasil?

No momento, me encontro em uma etapa de transição que traz os seus próprios problemas. Embora eu já conheça o Brasil, a língua e a cultura, uma mudança como a que estou vivenciando só pode ser superada e bem-sucedida com a certeza de contar com uma família unida e amorosa. Espero e desejo profundamente que a minha esposa e filhos possam ter uma transição tranquila e que rapidamente se entrosem na maravilhosa cultura que Belo Horizonte e o Brasil oferecem.