O engenheiro civil chileno Juan Carlos Cereceda é o mais novo Gerente de Engenharia e Desenvolvimento da unidade do Chile, sendo responsável pela ampliação dos nossos negócios em toda a América Latina.

Juan Carlos é um dos maiores especialistas chilenos em mineração de grande escala, com mais de 35 anos de carreira consolidada em planejamento de mina, pesquisa, geomecânica e geotecnia. Como consultor sênior, ele participou de projetos localizados na América do Norte, América do Sul, África, Europa e Oceania.

Você já desenvolveu importantes projetos de pesquisa com os centros de excelência em mineração mais relevantes do mundo. Quais são as principais tendências e avanços tecnológicos identificados na área de planejamento de mina nos últimos anos?

Sempre tive um profundo interesse no desenvolvimento e na pesquisa. Acredito firmemente que uma maneira de progredir em todas as áreas é incentivar o desenvolvimento e abrir as portas para novas ideias, técnicas e tecnologias.

Considero que um dos maiores avanços no planejamento de mineração reside na incorporação do gerenciamento de informações em grande volume e sistemas GIS (Sistemas de Informação Geográfica). Isso inclui desde a visualização de dados até a interpretação e análise da qualidade da informação no contexto de um depósito mineral.

A utilização de modelagem e simulação avançadas é outro aspecto destacado. Ao processar uma grande quantidade de dados de alta qualidade e compreender sua interpretação, podemos construir modelos altamente ajustados à realidade. Isso facilita o estudo de diversos cenários, fornecendo ao planejador ferramentas poderosas ao apresentar seu plano de mineração.

Um avanço significativo adicional está na automação e na tecnologia digital. A introdução de tecnologias de automação possibilita a obtenção de informações em tempo real, melhorando a eficiência das operações e minimizando riscos, especialmente na mineração subterrânea.

Dada a diversidade de regulamentações e padrões em diferentes países, como você adapta as estratégias de gestão de riscos em projetos internacionais para garantir o cumprimento das normas locais, sem comprometer a eficiência operacional?

Cada país estabelece regulamentações específicas para a indústria, incluindo a mineração. Essas regulamentações apresentam muitas semelhanças; também existem normas e padrões internacionais que, em alguns casos, são mais rigorosos do que as regulamentações nacionais.

Apesar disso, a estratégia mais eficaz é cumprir rigorosamente com as normativas de cada país. Em situações em que algum aspecto não esteja regulamentado ou a regulamentação nacional seja menos exigente do que os padrões internacionais, adota-se o padrão de maior nível.

É importante destacar a relevância das questões ambientais. Cada país não apenas possui regulamentações, mas também leis ambientais que devem ser minuciosamente estudadas por advogados e profissionais especializados em meio ambiente, nas etapas iniciais de um projeto. Isso garante a incorporação de todas as exigências nas avaliações de custos e prazos.

O processo relacionado à obtenção de permissões e/ou licenças torna-se um fator determinante para os projetos, sejam eles Brownfield ou Greenfield. As regulamentações definem o nível de engenharia necessário para obter as licenças. Todas essas licenças impactam no planejamento dos projetos, se convertendo em pontos críticos, pois a falta delas impede o avanço das atividades iniciais da construção ou operação.

Qual é a sua percepção sobre a influência atual das questões ESG nas decisões de engenharia dos empreendimentos minerários de grande escala?

Atualmente, os aspectos ESG em projetos de mineração são praticamente inseparáveis. Todos os projetos devem abordar todas as questões ambientais, realizar estudos e obter as licenças correspondentes. É crucial promover e manter relações positivas com as comunidades locais, estabelecendo canais formais de comunicação com os moradores.

Por outro lado, é essencial manter canais abertos para a priorização da ética e Compliance em cada empresa. Integrar processos de construção e operação com foco na eficiência energética, redução da pegada de carbono e minimização de emissões tornou-se uma necessidade. A adoção de tecnologias sustentáveis e a revisão contínua da sustentabilidade são parte integrante desses processos.

Finalmente, durante a fase de operação, a implementação de planos de reabilitação e fechamento de mina é fundamental. A execução de fechamentos e reabilitações parciais à medida que as áreas são abandonadas contribui para reduzir o impacto final. O objetivo é deixar um legado positivo para as comunidades e o meio ambiente, garantindo que o fechamento final tenha o menor impacto possível. Este enfoque busca não apenas cumprir com as obrigações regulatórias, mas também contribuir de forma ativa para o bem-estar a longo prazo das comunidades e do ambiente natural.

Na sua opinião, como a mineração a céu aberto pode se tornar mais segura e sustentável? De que forma a Tetra Tech pode apoiar os clientes nesse sentido?

Em geral, tanto a mineração subterrânea quanto a mineração a céu aberto podem ser mais seguras, eficientes e sustentáveis.

Parte da segurança da operação se baseia no design geomecânico, que por sua vez depende dos resultados da exploração geológica estrutural para fornecer informações adequadas para análises de estabilidade local e global, além da análise do comportamento dos esforços conforme a produção avança.

A eficiência é refletida nas sequências de exploração, em um plano que permita manter a operação sem capacidades ociosas e permita o cumprimento da meta estabelecida.

A Tetra Tech, com suas equipes profissionais, deve orientar a obtenção de designs e operações sustentáveis, introduzindo eficiência energética, controle e instrumentação, propondo a eletrificação e automação dos equipamentos de mineração, reduzindo os tempos de transporte e as emissões.

A sua trajetória internacional é marcada também em suas relações pessoais, tendo em vista que sua esposa é brasileira. Quais foram as principais diferenças que você notou entre a cultura dela e a sua? Como essas diferenças influenciaram positivamente a relação de vocês?

É fascinante observar a diversidade cultural em nossa família, representada por cerca de onze nacionalidades, incluindo a brasileira. Minha esposa, natural de São Paulo, especificamente da cidade de Jundiaí, trouxe elementos únicos para nosso lar.

Esse intercâmbio cultural resultou em uma bela fusão de tradições. Por meio da influência da minha esposa, descobri e aprendi a apreciar o delicioso café e a rica gastronomia brasileira. Por sua vez, compartilhei com ela meu apreço pela cultura do vinho, introduzindo-a ao mundo dos bons vinhos.

Nos unem uma série de interesses comuns, como a paixão pela fotografia e o amor pelo cuidado de animais de estimação. Ambos compartilhamos um ponto de vista que reflete o nosso compromisso com o bem-estar dos animais. Além disso, nossa conexão se fortalece por meio da mútua apreciação pela arte e música, e nos esforçamos para participar de eventos culturais toda semana, enriquecendo nossa vida cotidiana com experiências significativas.

Essa diversidade e a capacidade de encontrar pontos de conexão contribuíram enormemente para a riqueza de nosso relacionamento e criaram um ambiente em que valorizamos e celebramos nossas diferenças culturais.