A entrevistada deste mês faz parte do nosso time do Chile. María Loreto Romo é formada em Engenharia de Agrimensura pela Universidade de Concepción, além de Engenharia de Minas e Engenharia Civil de Minas pela Universidade de Santiago do Chile. Ela é uma Qualifield Person (QP) perante a Comissão de Qualificação de Recursos e Reservas de Mineração do Chile

Atualmente, trabalha como Engenheira de Projetos e desenvolve a estimativa de recursos minerais. María adora os animais e o contato com a natureza. Ela é também amante dos esportes e pratica corrida, surf, ciclismo entre outros.

Qual o diferencial competitivo de um profissional graduado em Engenharia de Agrimensura, Engenharia de Minas e de Engenharia Civil de Minas?

Uma formação acadêmica mais abrangente sem dúvida gera maior conhecimento, condição que por sua vez se traduz em mais confiança profissional diante dos desafios impostos pelos diferentes projetos e negócios da empresa.

Quais são os principais desafios encontrados na classificação de recursos minerais de acordo com códigos internacionais?

O estágio de estimativa e categorização de recursos minerais e reservas de mineração é um dos estágios mais críticos na avaliação de um projeto, uma vez que uma má estimativa do recurso explorável pode significar grandes perdas para a empresa investidora. Com base nisso, essa etapa do projeto faz parte dos guias internacionais para estimativa de Recursos e Reservas Minerais, que permitem a elaboração de relatórios públicos para a venda de ativos ou financiamentos por meio de Bolsas de Valores ou bancos. Minha experiência em relação à classificação dos recursos minerais, se basea em padrões internacionais que também apoiam o padrão chileno, proporcionando assim o requisito mínimo de confiabilidade para os investidores.

Normalmente, pequenos investidores desconhecem esse tema, nessa situação o papel da Qualifield Person (QP) é deixar claro que os critérios de categorização devem ser reproduzíveis, auditáveis, qualificados e reconhecidos pelo setor. E para isso, os estudos devem ser baseados em técnicas convencionais, isto é, comprovadas. Portanto, essa categorização deve ser baseada tanto na quantidade quanto na qualidade do recurso, a fim de atender às restrições do mercado financeiro.

Na sua opinião, qual é o benefício da unificação das operações da Tetra Tech na América do Sul?

O benefício é poder alcançar um mercado mais amplo, pois, embora a Tetra Tech Chile tenha uma reputação de muitos anos de experiência, ela está focada principalmente no Planejamento de Mina. Com a integração com a Tetra Tech no Brasil, poderemos oferecer novas disciplinas e, assim, ampliar nosso horizonte de trabalho, tanto para o Chile, Peru quanto para os países mineradores da costa do Pacífico.

Na sua opinião, como a Tetra Tech América do Sul pode expandir seus negócios no mercado chileno?

No momento é um pouco difícil responder a essa pergunta, considerando a atual pandemia e a atitude cautelosa dos mercados financeiros. Porém, considerando a expertise dos profissionais do Brasil, além de nossa reconhecida experiência no Chile e na América do Sul, a integração das disciplinas nos torna reconhecidos como uma empresa que oferece soluções abrangentes para mineração e outras áreas (Oceanografia, Meio Ambiente, etc.). Além disso, estão sendo tomadas ações para divulgar nossos produtos e serviços nas empresas de mineração e organizações governamentais no Chile e no Peru, para que possamos ser convidados para as licitações nas áreas em que atuamos.

Como você inclui nosso lema Liderando com Ciência e a inovação nos projetos que você executa?

Ciência e inovação são essenciais em todos os nossos projetos. Nossos trabalhos estão intimamente ligados ao uso de diferentes ferramentas computacionais, como programas de projeto para mineração, planejamento de mina, otimização etc. No que tange a estimativa de recursos, dependemos muito do uso de recursos computacionais que nos permitem cumprir os padrões da indústria de mineração e, por sua vez, otimizar nosso tempo de trabalho, tratando uma grande quantidade de informações, como é o caso dos bancos de dados. Em relação à inovação, estamos sempre avaliando diferentes opções para desenvolver nosso trabalho que nos permitam obter os resultados esperados pelo cliente e manter a qualidade que nos caracteriza. Ao mesmo tempo, novos softwares foram incorporados para o desenvolvimento de projetos de treinamento, de forma a atualizar a equipe em termos de ferramentas computacionais e novos conceitos a serem aplicados em nossos projetos.

A mineração é uma atividade historicamente marcada pela presença masculina. Você já sofreu algum tipo de preconceito? Em caso afirmativo, você poderia nos dizer como aconteceu e como lidou com isso?

Quando comecei a trabalhar, senti o preconceito de alguns colegas, especificamente na mina El Teniente da CODELCO no Chile, eles acreditavam que quando uma mulher entra em uma mina subterrânea, a mina ficava com ciúmes e poderia entrar em colapsos. Essa crença foi generalizada na mineração chilena, e foi apenas há quatro ou cinco décadas que esse mito começou a mudar.

Atualmente, muitas mulheres estão nas universidades estudando mineração, trabalham em minas e até participam de atividades de manuseio de veículos pesados, ou lideram equipes essencialmente masculinas. Esse contexto revela a crescente participação feminina no fechado ambiente da mineração. Quanto ao nosso escritório, apesar de haver poucas mulheres nessa área, há respeito e igualdade entre os profissionais.