Com mais de 18 anos de experiência em desenvolvimento, coordenação e gerenciamento de projetos ambientais, Priscilla Armada é geóloga pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e atua na Tetra Tech América do Sul como gerente de portifólio na área de Análises Ambientais e Socioterritoriais.

 

O setor ambiental é conhecido por sua importância crescente no cenário global. Como você enxerga o papel da Tetra Tech América do Sul em relação aos desafios ambientais enfrentados na região e no mundo? Quais são suas expectativas e planos para o futuro nessa área?

Com sua vasta experiência em consultoria e engenharia, a Tetra Tech desempenha um papel importante na busca por soluções sustentáveis e na promoção da conservação do meio ambiente. A Tetra Tech tem a capacidade de oferecer uma abordagem abrangente para questões como recursos naturais, preservação da biodiversidade, recuperação de áreas degradadas e mitigação das mudanças climáticas, as quais interferem diretamente na análise ambiental e socioterritorial.

Este cenário é possível pela diversidade de colaboradores e pela abrangência dos serviços ofertados, englobando desde a concepção do projeto, passando pelo licenciamento, monitoramento e auditoria ambiental – incluindo as modelagens matemáticas que simulam a abrangência dos impactos ambientais, e finalmente com a descaracterização e fechamento do empreendimento. Estes estudos envolvem a cooperação de todas as áreas da Tetra Tech, permitindo a troca de conhecimentos e a aplicação de soluções integradas, com um impacto mais significativo na preservação do meio ambiente.

Em suma, a Tetra Tech tem uma posição estratégica no setor, e, conforme temos visto nos projetos em desenvolvimento, as expectativas apontam para uma maior liderança no desenvolvimento de soluções ambientais inovadoras e no compromisso contínuo com a sustentabilidade, contribuindo para um futuro mais equilibrado e resiliente.

 

Quais são os maiores desafios dos projetos que envolvem avaliação de impactos ambientais (AIA) e qual a relevância deles para a mitigação de impactos ambientais?

A Avaliação de Impactos Ambientais enfrenta desafios significativos, principalmente devido à subjetividade na etapa de valoração dos impactos. Durante a avaliação dos impactos, sua magnitude (valorização) é estimada sem seguir uma metodologia padronizada entre as empresas e órgãos ambientais. Desta forma, considerando o mesmo empreendimento, diferentes empresas podem valorar de forma distinta um mesmo evento, tendo como base a expertise do técnico.

Como forma de minimizar esta subjetividade, o time da Tetra Tech desenvolveu uma metodologia de valoração de impactos, atribuindo pesos aos diferentes atributos que são utilizados nessa classificação. Esta metodologia padroniza a análise entre diferentes especialistas, fornecendo maior segurança técnica à Tetra Tech e conforto jurídico ao órgão ambiental.

Somente a partir da correta análise do impacto é que são propostas medidas para prevenir e mitigar possíveis efeitos negativos, assim como propor programas de monitoramento para acompanhar o surgimento ou evolução destes impactos.

Deste modo, a AIA pode garantir que projetos sejam implementados de forma mais responsável e sustentável, garantindo a proteção dos recursos naturais, culturais e territoriais para as gerações futuras.

 

Quais são as principais estratégias que a Tetra Tech utiliza para promover a sustentabilidade e minimizar os impactos ambientais adversos em empreendimentos de grande porte, como descaracterização de barragens e planos de fechamento de mina?

O Plano de Fechamento de Mina é planejado desde a fase de licenciamento ambiental, ou seja, antes mesmo da implantação da mina. O Plano é atualizado e implementado ao longo da vida útil dessa estrutura geotécnica, com o objetivo de garantir que, quando a operação for encerrada, os impactos ambientais, sociais e econômicos sejam minimizados e gerenciados adequadamente.

Já a descaracterização de barragem é realizada quando a barragem não suporta mais receber rejeito, podendo ser inserida no Plano de Fechamento de Mina, ou por obrigação legal, como está sendo exigido para as barragens alteadas pelo método a montante.

Nos projetos de encerramentos e descaracterização, a Tetra Tech atua com parceria entre as áreas de Geotecnia, Geotecnologias e de Análises Ambientais e Socioterritoriais. Essa parceria permite a combinação das melhores técnicas para o fechamento da estrutura e das melhores alternativas ambientais e sociais para a área e região, tais como recuperação ambiental com plantio de mudas, preservação do lago da barragem, implantação de parques e trilhas ou, ainda, aproveitamento comercial para a área.

Atualmente, estamos desenvolvendo um estudo de alternativas de descaracterização de 15 estruturas de armazenamento de rejeito para uma grande empresa de mineração em Minas Gerais. Neste estudo estão sendo pontuados e incorporados critérios de sustentabilidade (ESG – Environmental, Social and Governance) e ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) levando em consideração todo o seu ciclo de vida (implantação, operação, fechamento e pós fechamento), com o objetivo de promover o valor compartilhado com a sociedade e o desenvolvimento territorial visando o encerramento da estrutura.

 

Descreva um projeto desafiador em que esteve envolvida no licenciamento ambiental e explique como a sua experiência em geologia foi fundamental para esse projeto.

Cada projeto tem suas particularidades, mas, como uma boa geóloga, os projetos de mineração, tanto GreenField como Brownfield, são mais estimulantes.

A minha formação me privilegia com o conhecimento da implantação e operação de atividades minerárias e, pelos meus quase 20 anos de experiência no processo de licenciamento, consigo conversar em nível técnico com os projetistas e cliente, facilitando o entendimento do projeto e apontando possíveis melhorias e otimização do processo ambiental.

Acredito que o principal diferencial da Tetra Tech é a participação conjunta da área ambiental e do desenvolvimento do projeto da mina. Já tivemos esta experiência com alguns clientes e esta aproximação é benéfica ao empreendedor, ao meio ambiente e à sociedade, visto que podemos realizar ajustes no projeto para evitar e diminuir interferências em vegetação e em áreas de conservação; refinar a localização do local de captação de água e lançamento de efluente; avaliar previamente interferências em estruturas públicas/privadas e já propor alternativas para controle e mitigação de possíveis impactos ambientais.

Um estudo robusto aliado com a transparência, ética e conformidade com as normas ambientais são prioridades para garantir a integridade dos projetos e evitar problemas com os órgãos intervenientes (IBAMA, CETESB, SEMAD, IPHAN, FUNAI…) e com a sociedade.

 

Como a presença feminina na área de geologia evoluiu ao longo dos anos e quais desafios as mulheres enfrentam nesse campo? Quais medidas podem ser adotadas para promover maior representatividade feminina em sua área?

Historicamente, a geologia sempre foi dominada por homens, com participação bem tímida das mulheres. Contudo, nas últimas décadas, tem havido um aumento na representatividade feminina na geologia, com mais mulheres ingressando na profissão e ocupando posições de destaque.

Atualmente, na universidade, já é observado uma proporção igualitária entre homens e mulheres. Essa evolução se deve principalmente às novas áreas que foram crescendo na Geologia (ambiental, hidrogeologia, remediação, entre outras). Anteriormente, as principais áreas exigiam viagens longas e mudanças para regiões mais isoladas, destacando a área de mineração.

Ainda, as grandes empresas vêm implantando programas de conscientização, inclusão e promoção da igualdade de oportunidades, o que também tem contribuído para a permanência das mulheres no mercado de trabalho.