Ewerton Gontijo é bacharel em Geografia e pós-graduado em Avaliação de Impactos e Recuperação de Áreas Degradadas. Atualmente, está cursando uma especialização em Gestão e Análise Estratégica de Dados. Uma das referências de nossa equipe de Geoprocessamento (GIS), ele já participou de projetos de tratamento de dados geográficos, banco de dados e tecnologia aplicada e análises espaciais.

Como você avalia a evolução técnica e metodológica do tratamento de dados geográficos no mercado brasileiro? E como a Tetra Tech América do Sul se diferencia dos concorrentes nessa área?

Vivemos um momento do mercado em que a aplicação tecnológica vem revolucionando a maneira como vemos e utilizamos os dados em geral. As tecnologias desenvolvidas e aplicadas na produção de dados espaciais, geram um grande volume de informações, como por exemplo, os dados oriundos de constelações de nano satélites. Além disso, a propagação de sensores, nos possibilita a geração de dados espaciais em grande volume e velocidade (Big Data). Basta   pensar que cada um de nós é produtor ativo de dados espaciais por meio de nossos smartphones, com isso se torna fundamental a aplicação de técnicas de IA, Machine Learning e Analytics.

Neste contexto, a evolução de técnicas e metodologias aplicadas à análise de dados espaciais precisa acompanhar toda essa dinâmica e o mercado brasileiro, mesmo que de forma tímida vem acompanhando essa realidade contando com a participação de importantes órgãos públicos como o IBGE e o INPE e grande participação de empresas do setor privado.

Vale destacar que a grande característica do mercado brasileiro ainda está no consumo de dados espaciais e não na sua produção, fato esse que está diretamente ligado aos números de crescimento desse setor e consequentemente no seu desenvolvimento.

Na minha opinião, o grande diferencial da Tetra Tech América do Sul é a sua equipe  multidisciplinar, o que favorece a expansão da capacidade de aplicação de métodos e técnicas das geotecnologias, gerando resultados diretamente ligados a tomada de decisão.

Nos últimos anos desastres na área da mineração tiveram grandes impactos na área social, econômica e ambiental no Brasil.  De que forma a gestão e análise estratégica de dados são importantes para evitar novos acidentes?

No Brasil é muito comum a cultura da remedição ao invés da prevenção. Grandes impactos como os acontecidos pelos rompimentos das barragens em Mariana e Brumadinho, evidenciam o quão frágil é o nosso conhecimento territorial.

A gestão estratégica de dados, nos permite acompanhar toda a dinâmica evolutiva do território que hospeda os grandes empreendimentos, nesse caso específico, do setor minerário e a evolução das próprias estruturas ali construídas. Tal conhecimento, gerado e acompanhado, ao longo do tempo, possibilita a tomada de decisão estratégica, como por exemplo, o entendimento das estruturas, a identificação de população vulnerável, direcionamento de investimentos para redução de riscos, mensuração dos possíveis impactos ambientais e até mesmo a elaboração de campanhas educacionais em áreas especificas.

Você atuou por diversos anos em projetos de espeleologia. Qual foi a relevância do GIS (Sistemas de Informação Geográficas) e dos sistemas desenvolvidos pela Tetra Tech nesses projetos?

Tenho o privilégio de atuar nesse setor por muitos anos. Desde o início, os desafios sempre foram significativos. Nosso cliente possuí atuação geográfica distribuída pelo território nacional,  gerando assim ao longo do tempo um grande volume de dados e conforme o conhecimento é adquirido, se faz necessário a sua gestão a fim de responder às grandes demandas do negócio.

Nesse contexto,  a Tetra Tech desenvolveu o sistema de gestão de dados espeleológicos , com o objetivo de ser o repositório oficial do conhecimento gerado em seus diversos processos de licenciamento ambiental.

A integração de dados em um único sistema nos permitiu uma grande evolução no tratamento, produção de conteúdo e grande agilidade na elaboração de respostas estratégicas, tudo isso com poucos cliques.

A aplicação do GIS nos permite aprofundar nas respostas, com a inserção da variável espacial. De forma resumida, com o desenvolvimento de sistemas e aplicação de geoprocessamento, atualmente nosso cliente planeja suas operações, respeitando o patrimônio espeleológico e tomando as ações necessárias conforme legislação para a continuidade da produção.

Liderar com Ciência está no nosso DNA e reflete a capacidade técnica superior nos projetos que executamos. Nesses 10 anos de Tetra Tech, qual foi o projeto que mais te desafiou e que você conseguiu aplicar inovação e ciência na solução apresentada ao cliente?

Nesses 10 anos de empresa, sempre contei com um ambiente favorável à inovação, sempre tive o apoio e incentivos dos meus líderes para construção de novas soluções. Durante esse período atuei em grandes projetos que nos desafiaram do começo ao fim, posso citar alguns deles: mapeamento dos cadastros, em que  foi desenvolvido toda a base de dados para localização dos impactados e toda a lógica espacial para a sua execução. PAEBM, em que a equipe a GIS desenvolveu todo o procedimento de elaboração automatizada dos mapas que compõe os relatórios, o que permite nosso cliente cumprir os prazos, muitas vezes inexequíveis dos órgãos reguladores. Além de influenciar diretamente, por meio de reuniões técnicas, alguns órgãos como a Defesa Civil.

Como destaque, tenho um carinho muito especial pelo o projeto de avaliação de potencial espeleológico utilizando análises multicritérios. Nesse projeto, tivemos a oportunidade de aplicar um conjunto de métodos científicos consagrados como o método Delphi, para entendimento e seleção das variáveis do meio físico que contribuem para ocorrência do fenômeno analisado. Além da aplicação do método de KDD (Knowledge Data Discovery) responsável pelo entendimento das correlações existentes entre os dados analisados. Utlizamos também a aplicação do algoritmo probabilístico Naive Bayes, para a ponderação de cada uma das variáveis e seus respetivos itens e por fim (de forma resumida) a álgebra de mapas, responsável pela classificação e espacialização dos resultados obtidos e o apontamento de onde existe a maior probabilidade de ocorrência de cavidades naturais subterrâneas.

O resultado desse projeto, forneceu ao nosso cliente um maior conhecimento do seu território de atuação e consequentemente o planejamento de algumas atividades do processo de licenciamento, como a prospecção espeleológica, direcionando as equipes para realização de buscas detalhadas em áreas com maior potencial de ocorrência de cavidades.

Parte desse trabalho foi publicada em 2019 e pode ser acessada em: https://proceedings.science/sbsr-2019/papers/avaliacao-do-potencial-espeleologico-atraves-de-analise-multicriterio-utilizando-mineracao-de-dados

Sua trajetória na Tetra Tech iniciou como estagiário. Hoje, Gerente de Projetos, você é uma das referências técnicas na nossa equipe GIS. Como você avalia sua trajetória profissional? E qual o conselho você daria para quem está iniciando nessa carreira?

Iniciei minha trajetória na empresa aos 23 anos e hoje, próximo de completar 34 anos, vejo essa trajetória como um período de aprendizado contínuo, tanto profissional como pessoal. Durante esse tempo, vivenciei várias experiências, como morar em Parauapebas/PA durante 6 meses, alguns altos e baixos do mercado da mineração, o escritório vazio e o escritório cheio… Tudo isso, contribuiu de forma significativa para o meu amadurecimento. A oportunidade de ter contato e atuar em conjunto com profissionais altamente capacitados sempre foi um grande diferencial para mim. Aprender a ouvir mais e enxergar as oportunidades são aprendizados que vou carregar por  toda a minha carreira.

Uma dica que posso deixar para quem está começando é: — Aproveite cada momento na Tetra Tech, somos um time fantástico e com certeza você irá aprender muito!