Entrevista

Felipe Branco

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Felipe Branco é Economista, Geógrafo, Especialista em Geoprocessamento e um dos integrantes do nosso time de Análises Ambientais e Socioterritoriais.

Atua no mercado há mais de 15 anos na área de Planejamento Territorial, atuando nas disciplinas Geografia, Economia Regional e Urbana, Economia do Bem-Estar Social, Economia Internacional.

Question:

Qual é o maior desafio enfrentado nos projetos socioeconômicos, relacionamento com comunidades no âmbito de processos de licenciamento ambiental no setor da mineração?

Os desafios são diversos. As ciências sociais e econômicas são complexas, e inúmeros aspectos podem compor uma análise. Sempre terão fatores externos ou incertezas que devem ser isolados do modelo para termos um cenário único de análise, e sobre este último apontarmos fragilidades, potencialidades, riscos e tendências. Mas se tivesse que apontar o maior desafio, eu diria que seria atingir o consenso entre as diferentes partes interessadas, ou o ponto mais próximo dele, e cujo resultado saia ações sustentáveis concretas, com definição clara dos responsáveis e um comprometimento coletivo.

 

Question:

O desenvolvimento dos Programas de Reassentamento Involuntário é sempre delicado, pois envolve stakeholders com interesses muitas das vezes conflitantes. Nesses contextos como atender a demanda dos contratantes sem ferir as questões sociais e humanas?

O projeto de reassentamento é um bom exemplo para a resposta anterior. Os impactos decorrentes de projetos que exigem reassentamento involuntário são vários, porém bem conhecidos. As agências reguladoras e de financiamento exigem dos empreendedores programas que garantam uma condição social igual ou melhor após o reassentamento. Por outro lado, as famílias reassentadas precisam se reestabelecer no território anfitrião. O suporte do empreendedor é fundamental nessa fase, mas possui tempo determinado. Para mim, um grande desafio é analisar as condições sociais e econômicas e definir qual é esse tempo, e garantir que no final seja atingido certo consenso, ainda que com conflitos, mas de preferência construtivos.

Question:

Recentemente, você tem atuado de forma direta em estudos que tem como objetivo minimizar os impactos e prejuízos humanos, sociais e ambientais em áreas de risco de rompimento de barragens. Como esses estudos auxiliam na tomada de decisão em ambientes tão críticos?

Nossos projetos e demais estudos disponíveis nos permitiram observar que as áreas localizadas a jusante de barragens, assim como a população residente são extremamente vulneráveis. As vulnerabilidades possuem diferentes naturezas: ambientais, sociais, institucionais e econômicas. A Tetra Tech está preparada para coletar os dados em campo, fazer o tratamento em bancos de dados, desenvolver modelagens e análises espaciais, e disponibilizá-los em plataformas de gestão como o Power Business Intelligence e aplicações GIS (Geografic Information System). A tomada de decisão em ambientes críticos como esse exige uma análise multidisciplinar e integrada. Esse é nosso foco: oferecer soluções e ferramentas de gestão para auxiliar no planejamento de ações preventivas e de respostas às situações de emergência – reduzindo assim o risco de perda de vidas humanas e danos ambientais.

Question:

Leading with Science® (Liderando com Ciência) muito mais do que uma marca registrada é uma das premissas básicas que norteia nossas operações e processos. De que forma os projetos socioambientais corroboram com esse lema?

Recentemente estamos aplicando nosso lema com maior intensidade nos projetos sobre segurança de barragens de mineração e risco social. Questões complexas são analisadas por especialistas do nosso quadro de profissionais, mas contamos também com contribuições de centros acadêmicos de pesquisa aplicada para o desenvolvimento de soluções inovadoras e tecnológicas para nossos clientes. Nesse momento nossos esforços estão dedicados as tecnologias de análise de dados e ferramentas GIS, as quais tem nos mostrado uma crescente sinergia com as ciências sociais, e temos obtido bons resultados como melhor gestão para planejamento de ações preventivas, monitoramento e análises de risco, além de transparência na comunicação dos empreendedores com públicos internos e externos.

Question:

Sua relação com a gastronomia é bem próxima e familiar. Conte-nos como começou essa paixão e de que forma ela ocupa sua vida.

Quando fui estudar Geografia na França pedi a minha mãe para me ensinar algumas receitas da culinária mineira para eu não “morrer de fome”, aprendi rápido e pratiquei bastante. Na França fiz amizades com estudantes de diferentes países e tive a oportunidade de aprender algumas receitas com eles, além de degustar um bom vinho com queijo. Minha esposa também é uma fonte de inspiração e conhecimento, ela já foi chefe de cozinha em alguns restaurantes e sempre me ensina uns truques culinários. Outro aspecto que me desperta muito interesse na culinária é a sua relação direta com a Geografia, pois cada receita e seus ingredientes possuem uma origem, com sabores e culturas distintos, esse universo me fascina! Cozinhar é para mim um momento de relaxamento, confraternização entre familiares e amigos, e também de aprendizagem.

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