Thaiana Barbosa é a nossa entrevistada do mês de junho. Com mais de 15 anos de atuação no mercado, ela desempenhou um papel fundamental na criação da área de Gestão, Auditoria e Riscos Ambientais da Tetra Tech América do Sul.
Além de ser graduada em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), ela possui MBA em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Compromissos como a redução de emissões e descarbonização aparecem cada vez mais como estratégias para combater as mudanças climáticas. Qual a sua avaliação sobre a maturidade do assunto nas organizações?
As organizações estão acelerando as suas ações. Algumas são muito maduras em algum desses temas e outras nem tanto, por isso devemos conhecer as particularidades de diferentes mercados para estudar e endereçar as melhores soluções.
Dito isso, vale conceituar que a descarbonização é o processo de redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, especialmente o dióxido de carbono (CO₂), e que, atualmente, o consumo de energia é considerado a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa no mundo, responsável por 76% das emissões globais, embora ocupe a 3ª posição no Brasil.
A queima de combustíveis fósseis (como carvão mineral, derivados de petróleo e gás natural), especialmente como fontes de energia, é uma das principais causas da emissão de COEsse é o principal foco das organizações atualmente, com aquisições, novos projetos ou negócios conjuntos entre empresas.
Vale considerar que o setor de energia inclui transporte, eletricidade e geração de calor, fabricação e construção, emissões fugitivas e outras queimas de combustível que estão em segundo ou terceiro plano, mas que também estão entre os focos do negócio.
A temática exige um trabalho interno das empresas. Podemos apoiá-las a partir da busca pelo aumento da eficiência operacional elétrica e mecânica, mapeamento e contenção das emissões fixas ou fugitivas, aplicação da economia circular, participação de investimento em novas tecnologias, entre outras ações.
Por fim, é importante citar que, no Brasil, a mudança do uso da terra (38%) e a agropecuária (28,5%), representam as maiores fontes de emissões de GEE, de modo que, para reduzir a quantidade de CO₂ na atmosfera, é preciso conservar e restaurar os ecossistemas que capturam e armazenam o carbono, como florestas, oceanos e solos. Nesse sentido, combater o desmatamento e as queimadas se torna igualmente essencial para redução de emissões.
Como você entende que o estabelecimento e monitoramento de objetivos e metas ESG, seguindo os principais padrões e normativas mundiais existentes, influencia a competitividade dos negócios? Como a Tetra Tech América do Sul se posiciona nesse mercado?
Os critérios ESG são usados para avaliar riscos, oportunidades e impactos, com o objetivo de orientar atividades, negócios e investimentos, então existe a perspectiva financeira envolvida. Tudo isso considera questões legais, mas, ao mesmo tempo, vai além delas. Logo, as diretrizes ou normativas mundiais são grandes referências para melhorias que extrapolam o mandatório, o que pode melhorar a reputação das marcas.
Também é necessário considerar os compromissos globais, como a Agenda 2030, que reúne os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da ONU, o Acordo de Paris, entre outros pactos internacionais. Quanto mais as estratégias de negócios estiverem alinhadas com os compromissos globais, mais interessante será a agenda ESG para competitividade, considerando acesso a capital, eficiência operacional, conformidade regulatória, resiliência e gestão de risco, e, até mesmo, atração e retenção de talentos.
Na Tetra Tech América do Sul, já realizamos diversos trabalhos que estão ligados a melhorias operacionais, como avaliação da gestão de emissões atmosféricas (que avalia perdas, gaps e potenciais reduções de emissões); avaliação e controle de riscos ambientais; levantamento, planejamento e engajamento de partes interessadas; desenvolvimento de ações para responsabilidade social; além de termos desenvolvido uma ferramenta de análise de maturidade ESG. Isso para citar algumas frentes de atuação entre tantas outras que fazem a ponte para a construção ou o cumprimento de metas ambientais, sociais e de governança.
Como gerente da área de Gestão, Auditoria e Riscos Ambientais, qual é a sua visão sobre a contribuição dos serviços de compliance e das auditorias socioambientais para a credibilidade das organizações junto às partes interessadas, especialmente diante das crescentes exigências por comprovações de sustentabilidade?
As auditorias proporcionam um nível de transparência que é essencial para a confiança das partes interessadas. Quando realizadas com seriedade e de forma regular, ajudam a identificar riscos, o que também tem impactos na proteção da imagem empresarial.
Os processos de auditoria socioambiental não são apenas para a verificação de conformidades, mas também para identificar áreas de melhorias. A avaliação pode identificar oportunidades para reduzir desperdícios, otimizar recursos e implementar melhores tecnologias, resultando em benefícios tanto ambientais quanto econômicos. Isso leva a uma cultura de melhoria contínua dentro das próprias organizações, promovendo práticas mais eficientes e sustentáveis ao longo do tempo.
Qual a importância da Tetra Tech ser uma empresa que oferece soluções integradas multidisciplinares para projetos de ESG? De que forma essa estratégia melhora a experiência e os resultados dos clientes?
A Tetra Tech pode abordar todos os aspectos de ESG de maneira holística. Isso significa que os projetos não são tratados de maneira isolada, pois levamos em consideração as suas interações e impactos de forma integral.
O trabalho com diferentes áreas, com múltiplas habilidades profissionais e diversidade de pessoas, oferece uma diversidade de perspectivas e conhecimentos que permite a geração de estratégias criativas, sinergia para aumentar a eficiência e a eficácia das soluções, resultados personalizados, além da capacidade de fortalecer relacionamentos com clientes por meio de soluções abrangentes.
Sabemos que você está migrando para um novo desafio. São 11 anos de empresa, 7 anos como gerente da área de Gestão, Auditoria e Riscos Ambientais na Tetra Tech América do Sul, e, em breve, você também assumirá a gestão do grupo de Análises Ambientais e Socioterritoriais. Quais são os desafios e as vantagens de liderar as duas áreas?
Os desafios são muitos! São duas áreas de sucesso, cada uma com uma história e caminhos diferentes. Uma já existia quando eu cheguei e cresceu de forma exponencial, enquanto a outra foi iniciada do zero, se consolidando em um curto espaço de tempo. Contudo, ambas compartilham objetivos comuns: crescer em tamanho e qualidade técnica, com uma equipe de alta performance, proporcionando um bom ambiente de trabalho.
As duas áreas formarão uma área única, então manter bons resultados e construir perspectivas prósperas são grandes desafios. Além disso, gerenciar uma equipe muito maior, mantendo o engajamento nos mais diversos escopos, tem uma complexidade e responsabilidade especial, e é um trabalho contínuo que me faz pensar todos os dias.
Já as vantagens, essas são maiores! Temos perfis complementares entre as áreas, de profissionais, de experiências, de visões e de indicadores. Com a mudança, teremos muito mais espaço para nos colocarmos juntos, operações compartilhadas, apoio profissional entre especialistas, mais diversidade e, provavelmente, mais inovação e serviços diferenciados. A ideia é promover um impacto positivo tanto para a empresa quanto para os clientes.