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Integração de Dados Geoespaciais no Licenciamento Ambiental

Várias áreas coloridas em mapa demarcado

O processo de licenciamento ambiental apresenta várias nuances que demandam tempo e custos distintos conforme o porte, o potencial poluidor e a localização do empreendimento. Diferentes estudos podem ser demandados de acordo com as especificidades de cada local. Se antecipar aos cenários de restrições ambientais presentes na legislação possibilita a redução de custos e a otimização do tempo ao longo do processo de licenciamento.

Na esfera federal, as legislações principais que abarcam o processo de licenciamento ambiental são o Decreto-Lei nº 25/1937 (Lei brasileira de preservação do patrimônio histórico e cultural), e as Resoluções CONAMA nº 01/1986 (critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente) e CONAMA nº 237/1997 (procedimentos, critérios e definições de licenciamento ambiental). Já no âmbito de Minas Gerais, o quantitativo de legislações que precisam ser observadas cresce expressivamente. Sendo essas a própria Constituição do Estado de Minas Gerais e as Lei Estadual 21.972/2016 (Política Estadual de Meio Ambiente); o Código Florestal de Minas Gerais (Lei Estadual 20.922/2013); a Lei nº 11.726/1994 (Política Cultural); a Lei Estadual 23.291/2019 (Política Estadual de Segurança de Barragens); a Lei Federal 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais); a Diretiva COPAM nº 02, de 25 de maio de 2009; e a Deliberação Normativa COPAM nº 217/2017.

É perceptível que se atentar a todos os detalhes de todas essas legislações, sem mencionar as de âmbito municipal, requer um esforço significativo. A espacialização e visualização das principais variáveis que impactam no licenciamento é uma das melhores alternativas para análises preliminares e tomada de decisão informada.

A seleção do local mais adequado para a instalação de determinado empreendimento perpassa pela observância dos aspectos sociais, ambientais, físicos e da própria rigidez locacional de certos empreendimentos, uma vez que a legislação ambiental exige a avaliação de impactos nesses âmbitos e a viabilidade técnica requer uma análise crítica.

Considerando o atual fluxo do processo de licenciamento, fornecer ao empreendedor o acesso a uma ferramenta que possibilite a tomada de decisões estratégicas e a criação de cenários alternativos sem a necessidade de softwares complexos e/ou profissionais com formações específicas é de grande valia.

Recursos atuais no campo de geotecnologias, como WebGIS e geoserviços, amplificam as possibilidades de integração e visualização de dados públicos, oferecendo dinamismo e agilidade. Diversos WebGIS estão disponíveis atualmente, como o IDE-Sisema, pertencente ao governo de Minas; a INDE – Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais; o GeoSampa, IBGE e IPHAN. Além da plataforma, esses WebGIS também disponibilizam seus dados via geoserviços, que podem ser consultados por outra aplicação sem a necessidade de baixá-los e publicá-los.

Surge neste cenário o GPX Maps, uma solução que permite a integração de dados privados com geoserviços, dentre outras possibilidades.

O GPX Maps fornece inúmeros subsídios essenciais para a análise espacial e a tomada de decisões no contexto do licenciamento ambiental em todas suas fases, como a visualização das áreas de interesse (ADA/AID/AII) sobrepostas ao arcabouço de informações de restrições ambientais, à integração de dados espaciais com informações quantitativas, o cadastro, a manipulação e a análise multicritérios de dados geoespaciais de maneira eficiente e eficaz com dados geoespaciais atualizados de diversas fontes de forma dinâmica.

Na imagem abaixo, estão apresentadas camadas relevantes listadas na DN217/2017 e que são disponibilizadas via geoserviços pelo IDE-SISEMA. Trazer o geoserviço para o GPX Maps permite manusear as informações sobre os critérios locacionais e fatores de restrição. Por seu dinamismo e possibilidade de integração com outros repositórios, o GPX Maps apresenta vantagens em relação a mapa estáticos por eliminar a necessidade de revisões periódicas sobre a atualização. Além disso, uma plataforma WebGIS permite que usuários interajam com a informação, permitindo análises visuais e espaciais.

Várias áreas coloridas em mapa demarcado
GPX Maps

Considerando a área de interesse fictícia traçada em amarelo com as medidas no exemplo abaixo, visualiza-se as camadas que a sobrepõem e quais restrições podem ser encontradas ao longo do processo de licenciamento. Além disso, ao clicar na camada para identificação, podem ser verificadas quais feições intersecionam a área de interesse e principais atributos dessa, também apresentado no exemplo a seguir. Essa forma de visualização possibilita planejar e/ou projetar outros cenários futuros de ampliação, além de readequação e de mensuração qualiquantitativa.

Área em amarelo destacada
Várias áreas coloridas em mapa demarcado

É importante salientar que o GPX Maps é uma ferramenta com inúmeras possibilidades e que seus recursos e funcionalidades não se limitam ao processo de licenciamento ambiental. O GPX Maps pode ser utilizado para diferentes setores, como mineração, agricultura, indústria, e deve ser considerado como solução para projetos que envolvam dados com caráter espacial (localização).

Referências Bibliográficas

DECRETO-LEI Nº 25, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1937. Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional. Diário Oficial da União, Seção 1, 6 dez. 1937. Disponível em: [https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0025.htm]. Acesso em: 14 nov. 2024.

RESOLUÇÃO CONAMA Nº 01, DE 23 DE JANEIRO DE 1986. Estabelece critérios básicos e diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. Diário Oficial da União, 24 jan. 1986. Disponível em: [https://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=745]. Acesso em: 14 nov. 2024.

RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1997. Dispõe sobre os procedimentos, critérios e definições de licenciamento ambiental. Diário Oficial da União, 22 dez. 1997. Disponível em: [https://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=237]. Acesso em: 14 nov. 2024.

CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Promulgada em 1989. Disponível em: [https://www.almg.gov.br/legislacao-mineira/texto/CON/1989/1989/?cons=1]. Acesso em: 14 nov. 2024.

LEI ESTADUAL Nº 21.972, DE 25 DE JULHO DE 2016. Institui a Política Estadual de Meio Ambiente no Estado de Minas Gerais. Diário do Executivo, 26 jul. 2016. Disponível em: [https://www.almg.gov.br/legislacao-mineira/texto/LEI/21972/2016/?cons=1]. Acesso em: 14 nov. 2024.

CÓDIGO FLORESTAL DE MINAS GERAIS (LEI ESTADUAL Nº 20.922, DE 30 DE JULHO DE 2013). Regulamenta a proteção das florestas e demais formas de vegetação no estado de Minas Gerais. Diário do Executivo, 31 jul. 2013. Disponível em: [https://www.almg.gov.br/legislacao-mineira/texto/LEI/20922/2013/?cons=1]. Acesso em: 14 nov. 2024.

LEI Nº 11.726, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1994. Institui a Política Cultural no Estado de Minas Gerais. Diário do Executivo, 28 nov. 1994. Disponível em: [https://www.almg.gov.br/legislacao-mineira/LEI/11726/1994/]. Acesso em: 14 nov. 2024.

LEI ESTADUAL Nº 23.291, DE 18 DE JULHO DE 2019. Institui a Política Estadual de Segurança de Barragens no Estado de Minas Gerais. Diário do Executivo, 19 jul. 2019. Disponível em: [https://www.almg.gov.br/legislacao-mineira/texto/LEI/23291/2019/]. Acesso em: 14 nov. 2024.

LEI FEDERAL Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências (Lei de Crimes Ambientais). Diário Oficial da União, Seção I, p.1, de13 fev.1998. Disponível em: [https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm]. Acesso em: 14 nov. 2024.

DIRECTIVA COPAM Nº 02, DE 25 DE MAIO DE 2009. Estabelece diretrizes para o funcionamento do COPAM (Conselho Estadual de Política Ambiental). Disponível em: [https://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=9674#_ftn1]. Acesso em: 14 nov. 2024.

DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 217, DE 05 DE MAIO DE 2017. Dispõe sobre normas gerais para o licenciamento ambiental no âmbito do Estado de Minas Gerais. Diário Oficial do Estado de Minas Gerais. Disponível em: [siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=45558]. Acesso em: 14 nov. 2024.

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